quarta-feira, 8 de julho de 2009

Como comer com pouca grana nas capitáis... \o/

Primeiro: não recomendo esse guia pra qualquer pessoa que:
- Tenha gastrite, azia, queimação, má-digestão, intestino solto , refluxo ou qualquer problema gastro-intestinal recorrente;

- Tenha dinheiro pra comer melhor;

- Se importe em não ingerir um nível de coliformes fecais maior do que o permitido pela ANVISA.

Se você não se encaixa em nenhum dos três itens, bora aprender a se alimentar com quase nenhuma grana na cidade grande.
O mais legal de morar/trabalhar em cidade grande na hora do almoço é a variedade de opções. É claro que, pra quem tem grana, essa variedade é bem maior. Mas se engana quem diz que não é possível bater um rango com pouco dinheiro. As cidades oferecem inúmeras opções pra quem não tem muita grana se divertir no almoço, incluindo comida saudável, fast food e junkie food. Vamos a elas, considerando o seguinte – nosso teto para o almoço é de 8 reais, incluindo aí bebida, comida, sobremesa e a porra toda. Mas assim – oito contos pra comer direito, né. Eu sei que com oito reais a gente almoça, compra até um lanche no Mc (sem refri e sem batata). Mas aqui eu to falando de comer e se sentir satisfeito. Comer bastante.

Churrasco grego
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Hipnotizante
O que é:
Essa iguaria metropolitana é composta de camadas de carne barata (acho que é lagarto, mas pensando bem você terá sorte se for), cenoura, pimentão, cebola e outros temperos. A maçaroca fica rodando numa assadeira aberta. De lá, o churrasqueiro corta uns filetes, joga num pãozinho e te dá um copinho de suco, conhecido também como água + papel crepom + açúcar. Rola um vinagrete em alguns pontos. Há também as variáveis – churrasco grego de frango e de calabresa.

A morte é instantânea?
Então… sugiro que você avalie bem o local. Dá pra confiar numa barraquinha de churrasco grego em que você passe em frente todo dia e veja sempre lotada, ou veja sempre as mesmas pessoas comendo. Se elas morressem, não voltariam lá. Mas existe o fator trash da coisa – aquela carne lá aberta, rodando. Na calçada. Os carros passando, gente tossindo, moscas caindo…. não é nada pra se preocupar se você não for um thanga, contudo.

Preço:
Entre R$1,00 e R$1,50. O pão (pequeno) geralmente vem com algumas fatias polpudas de carne, salada e você ganha o copinho de suco. Dois pães alimentam o peão, três se você for o Godzilla.


Iguarias dos terminais metropolitanos (10 pães de queijo 1 real, cachorro quente de 0,99 cents)

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O de 99 cents é assim mesmo, sem nenhum recheio, só a salsicha. Mas na hora da fome…
O que é:
Nessa categoria, entram todas as coisas trash que são vendidas em barraquinhas dentro das estações de trem mas que matam a fome. As mais comuns (e baratas) são cachorro-quente de R$0,99 (com pão, salsicha, catchup e mostarda) e o saquinho de pães de queijo, então vamos falar delas.
O cachorro quente é isso, a partir de R$0,99 você tem a versão mais barata, sem nada. Mas até R$2,50 você acrescenta o que quiser, tem várias opções. O tamanho do dog é normal, igual àquelas barraquinhas de tiozinhos da rua, e eles costumam prensar se você pedir.
O pão de queijo: geralmente vem 10 pequenininhos. Quentinhos, são passáveis. Frios só se você estiver com muita fome, especialmente considerando o esforço para mordê-los. Lembrando que eles não têm gosto de queijo, mas ok, isso é detalhe. Provavelmente também não contêm queijo, mas eles não informam isso explicitamente.

A morte é instantânea?
Não, é sossegado. As barraquinhas geralmente precisam de licitação pública pra estar ali, e isso não garante exatamente muita coisa, mas é melhor que nada. Eles seguem a maioria dos padrões de higiene – usam luvas, fervem as coisas etc. O único problema é que inexplicavelmente todas as atendentes desse tipo de quiosque tem uma vida de merda, porque sempre te atendem como se pra isso elas precisassem de um sacrifício gigantesco. Mas por tão pouca grana, né?

Preço:
Como eu já disse, o do cachorro quente varia de acordo com o que você colocar, mas na versão básica você consegue comer 8 (OITÔ) deles considerando nosso piso. Se for na versão elaborada, uns 4, no mínimo. Dá pra se alimentar. Se quiser beber algo, come 3 e bebe um refri ou um suquinho, essas barraquinhas sempre vendem esses suquinhos vagabundos do tipo que rodam pra sempre dentro de uma máquina transparente.
A porção com 10 pães de queijo custa entre R$1 e R$1,50, e vale a pena esperar uma fornada quentinha, porque frio o negócio não é palatável. 10 enchem bem, 20 você se sentirá estufado como a Tia Guida, mas com aquele gosto de nada você só aguenta 20 se a fornada tiver saído agorinha. Dá pra comprar bebida sossegado e ainda sobra dinheiro.

Iguarias do lado de fora dos terminais metropolitanos (milho verde com manteiga, batatas-fritas)
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Argh
O que é:
Uma barraquinha com um tiozinho, normalmente com barba por fazer, com aparência meio suja, em frente ou próximo à estação de trem/metrô/ônibus. É possível encontrar milho verde com sal e manteiga, que vem com uma colherinha plástica dentro de um prático recipiente de isopor, ou batatas-fritas com catchup, maionese e mostarda, armazenadas no mesmo potinho branco de isopor e com uns palitinhos espetados.

A morte é instantânea?
Não. Geralmente vem depois de 6 a 8 horas. Falando sério, essas barracas vão na mesma linha do Churrasco Grego. Mas elas costumam ser móveis, então na maioria das vezes você não conhece o cara, ele é nômade. Tem que ir na sorte, mesmo, e avaliar o custo-beneficio (”estou realmente com tanta fome assim a ponto de me arriscar tanto?”) Mas eu vejo um monte de gente comendo e eles parecem bem no dia seguinte.

Preço:
A porção de fritas custa R$2. A de milho, R$1. Uma pechincha, porque nos dois casos os potinhos vem bastante cheios. Dá pra repetir e ainda beber algo.


Bom Prato
fachada do Bom Prato 
Concorrido: dependendo do horário, pode até ter espera
O que é:
Disponível só no Estado de São Paulo, essa rede de restaurantes populares fornece almoço de qualidade pela bagatela de R$1. Isso aê, refeição completa por uma moeda. Arroz, feijão, mistura, salada, suco e sobremesa – fruta, gelatina, o que for. Por um conto. E tem um monte de unidades na capital e na grande São Paulo.

A morte é instantânea?
A comida geralmente é segura. O perigoso, acredito, são as companhias. O restaurante é frequentado por todo tipo de gente – pessoas normais sem grana pra comer e mendigos malucos sem grana pra comer, também. Sugiro oferecer seu bife se o mendigão do teu lado pedir.

Preço:
UM CONTO! UM REAL, MANÉ! Ridículo de barato.
 
Pê-éfe
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Produção em escala industrial
O que é:
O popular prato-feito é encontrável em qualquer boteco desse brasilzão. Consiste num marmitex sem-vergonha, de alumínio, com MUITO arroz e feijão e uma mistura do dia, um acompanhamento (farofa, mandioca frita ou fritas mesmo) e alguma salada. Geralmente as misturas são fixas, e por tradição, tipo – quarta é sempre feijoada, em qualquer PF do país. Na sexta, é sempre peixe frito. Na terça, sempre tem filé de frango. Quinta é macarrão com frango à passarinho… por aí vai. Só esqueci o que tem segunda (acho que é dobradinha).

A morte é instantânea?
Veja bem, amigo. Daí depende muito do local escolhido para a aventura, não é mesmo? Os melhores PFs têm que ter aquele gostinho caseiro, de comida feita em casa. Mas eu não visitaria a cozinha desses lugares. O negócio é ouvir a indicação de amigos que trabalhem com você ou observar se o lugar enche na hora do almoço. Mesmo se o PF for barato, não significa exatamente que você vai receber a comida com atestado de óbito.

Preço:
Varia demais, inclusive pela escolha da mistura. Mas dá pra achar PFs a partir de 5 reais que dão pra duas pessoas. Ou seja, economia MONSTRO e alimentação completa. Um bom preço por um PF bem servido (que dá pra duas pessoas) seria uns 6, 7 contos.

 Albergue
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A alegria da comunidade
O que é:
Um abrigo para moradores de rua que serve comida. Tipo, sendo bem direta. A comida varia entre o nível do Bom Prato e algo menor, tipo um sopão bem aguado.

A morte é instantânea?
Não posso garantir porque nunca frequentei. Mas se eu fosse tentaria no mínimo me sujar um pouco. Parecer da rua mesmo.

Preço:
Zero. É de graça. E às vezes você também ganha um corte de cabelo, se der sorte. Mas precisa dormir no lugar. É isso – repousa, ganha o jantar. Vale a pena.
Basicamente, é isso. Sugiro que vocês façam a experiência e deem retornos. Os mais estudados em comida barata podem também dar sugestões. Deixei de fora os butecos que vendem bolovo e coxinha porque acho meio óbvio, mas também são opções interessantes nessa vida de pé-rapadismo.

Ví no AOE...

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